
O monte florido
Pássaros alçando vôo
sempre montanhas
que se repetem na cor do outono...
De um lado para o outro, no monte florido:
Até quando essa melancolia?
poema de Wang Wei, tradução de Sérgio Capparelli
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia! | Em inglês | Em espanhol | Em romeno

Citações relacionadas

A estrada não trilhada
Num bosque, em pleno outono, a estrada bifurcou-se,
mas, sendo um só, só um caminho eu tomaria.
Assim, por longo tempo eu ali me detive,
e um deles observei até um longe declive
no qual, dobrando, desaparecia…
Porém tomei o outro, igualmente viável,
e tendo mesmo um atrativo especial,
pois mais ramos possuía e talvez mais capim,
embora, quanto a isso, o caminhar, no fim,
os tivesse marcado por igual.
E ambos, nessa manhã, jaziam recobertos
de folhas que nenhum pisar enegrecera.
O primeiro deixei, oh, para um outro dia!
E, intuindo que um caminho outro caminho gera,
duvidei se algum dia eu voltaria.
Isto eu hei de contar mais tarde, num suspiro,
nalgum tempo ou lugar desta jornada extensa:
a estrada divergiu naquele bosque – e eu
segui pela que mais ínvia me pareceu,
e foi o que fez toda a diferença.
poema de Robert Frost (1916), tradução de Renato Suttana
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia! | Em inglês | Em romeno


Atravessa Esta Paisagem o Meu Sonho
Atravessa esta paisagem o meu sonho dum porto infinito
E a cor das flores é transparente de as velas de grandes navios
Que largam do cais arrastando nas águas por sombra
Os vultos ao sol daquelas árvores antigas...
O porto que sonho é sombrio e pálido
E esta paisagem é cheia de sol deste lado...
Mas no meu espírito o sol deste dia é porto sombrio
E os navios que saem do porto são estas árvores ao sol...
Liberto em duplo, abandonei-me da paisagem abaixo...
O vulto do cais é a estrada nítida e calma
Que se levanta e se ergue como um muro,
E os navios passam por dentro dos troncos das árvores
Com uma horizontalidade vertical,
E deixam cair amarras na água pelas folhas uma a uma dentro...
Não sei quem me sonho...
Súbito toda a água do mar do porto é transparente
E vejo no fundo, como uma estampa enorme que lá estivesse
desdobrada,
Esta paisagem toda, renque de árvore, estrada a arder em aquele
porto,
E a sombra duma nau mais antiga que o porto que passa
Entre o meu sonho do porto e o meu ver esta paisagem
E chega ao pé de mim, e entra por mim dentro,
E passa para o outro lado da minha alma...
poema de Fernando Pessoa
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia!

Se Tu Viesses Ver-me...
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...
Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...
Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri
E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...
poema de Florbela Espanca in Charneca em Flor (1931)
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia!


Outono de tarde na montanha
Choveu há pouco
na montanha deserta,
A brisa da tarde enche
de frescor o outono...
Os galhos dos pinheiros
abrem-se aos raios da lua,
Uma fonte pura acaricia
os rochedos,
Quase tocando as flores de lótus,
as barcas dos pescadores.
Risos entre os bambus:
são as lavadeiras de volta.
Por todo lado
ainda a beleza da primavera...
Por que você também
não fica mais um pouco?
poema de Wang Wei, tradução de Sun Yuqi
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia! | Em inglês | Em espanhol | Em romeno


Sempre
Ao contrário de ti
não tenho ciúmes.
Vem com um homem
? s costas,
vem com cem homens nos teus cabelos,
vem com mil homens entre os seios e os pés,
vem como um rio
cheio de afogados
que encontra o mar furioso,
a espuma eterna, o tempo.
Trá-los todos
até onde te espero:
estaremos sempre sozinhos,
estaremos sempre tu e eu
sozinhos na terra
para começar a vida.
poema de Pablo Neruda in Os Versos do Capitão (1952)
Adicionado por anônimo
Comente! | Vote! | Cópia! | Em inglês | Em espanhol | Em italiano | Em romeno


A minha alegria é a melancolia.
citação de Michelangelo
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia!


Não Digas Nada!
Não digas nada!
Nem mesmo a verdade
Há tanta suavidade em nada se dizer
E tudo se entender —
Tudo metade
De sentir e de ver...
Não digas nada
Deixa esquecer
Talvez que amanhã
Em outra paisagem
Digas que foi vã
Toda essa viagem
Até onde quis
Ser quem me agrada...
Mas ali fui feliz
Não digas nada.
poema de Fernando Pessoa in Cancioneiro
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia!


Um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se.
citação de Gabriel García Márquez
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia! | Em inglês | Em espanhol | Em romeno


Hamlet: O imperial Cesar, morto, tornou-se pó, e serve talvez para vedar uma fenda e interceptar a passagem do ar; e essa argilla, que espalhava o terror sobre o universo, vae calafetar um muro para impedir que o vento passe.
diálogo in Hamlet, Acto quinto, Cena 1 de William Shakespeare (1599), tradução de D. Luís I, Rei de Portugal
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia! | Em inglês | Em espanhol | Em italiano | Em romeno

Parecia que todos os jornalistas brasileiros haviam escolhido aquele mesmo vôo para o Japão... O barulho a bordo começou logo na decolagem. Os japoneses, muito discretos, estranhavam aquele bando barulhento que parecia uma equipe de futebol ou de artistas. O uísque ajudou a aumentar a bagunça. Eu nunca havia viajado com um grupo de jornalistas. A partir daquela noite passei a evitar e repetir tal vexame.
citação de Alexandre Garcia
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia!


O homem é um animal que faz barganhas, nenhum outro animal o faz. Um cão não troca um osso por outro.
citação de Adam Smith
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia! | Em inglês | Em espanhol | Em italiano | Em romeno


Quando os ricos fazem a guerra, são sempre os pobres que morrem.
citação de Jean-Paul Sartre
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia!


A maioria nunca está com a razão a seu lado.
Henrik Ibsen in Um Inimigo do Povo (1882)
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia!


Não desesperes, nem sequer pelo facto de não desesperares. Quando já tudo parece ter acabado, novas forças surgem em marcha, e isso significa precisamente que estás vivo. E se não vierem, então acabou tudo por aqui e de uma vez para sempre.
Franz Kafka in Diário (21 julho 1913)
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia!


O Outono é a Primavera do Inverno.
citação de Henri de Toulouse-Lautrec
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia! | Em inglês | Em espanhol | Em italiano | Em romeno


A indiferença que se tem em relação a outro é sem dúvida a pior das razões para lhe ser fiel.
citação de Robert Mallet-Stevens
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia!


E assim sou, fútil e sensível, capaz de impulsos violentos e absorventes, maus e bons, nobres e vis, mas nunca de um sentimento que subsista, nunca de uma emoção que continue, e entre para a substância da alma. Tudo em mim é a tendência para ser a seguir outra coisa: uma impaciência da alma consigo mesma, como com uma criança inoportuna; um desassossego sempre crescente e sempre igual.
citação de Fernando Pessoa
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia!


Glosa
Quem me roubou a minha dor antiga,
E só a vida me deixou por dor?
Quem, entre o incêndio da alma em que o ser periga,
Me deixou só no fogo e no torpor?
Quem fez a fantasia minha amiga,
Negando o fruto e emurchecendo a flor?
Ninguém ou o Fado, e a fantasia siga
A seu infiel e irreal sabor...
Quem me dispôs para o que não pudesse?
Quem me fadou para o que não conheço
Na teia do real que ninguém tece?
Quem me arrancou ao sonho que me odiava
E me deu só a vida em que me esqueço,
“Onde a minha saudade a cor se trava ?”
poema de Fernando Pessoa
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia!


E é bonbon, e é vespa, e é mel, que é das abelhas e não das vespas, e tudo está certo, e o Bebé deve escrever-me sempre, mesmo que não escreva, que é sempre, e eu estou triste, e sou maluco, e ninguem gosta de mim, e tambem porque é que a havia de gostar, e isso mesmo, e torna tudo ao principio, e parece-me que ainda lhe telephono hoje, e gostava de lhe dar um beijo na bocca, com exactidão e gulodice e comer-lhe a bocca e comer os beijinhos que tivesse lá escondidos e encostar-me ao seu hombro e escorregar para a ternura dos pombinhos, e pedir-lhe desculpa, e a desculpa ser a fingir, e tornar muitas vezes, e ponto final até recomeçar, e porque é que a Ophelinha de um meliante de um cevado e eu gostava que a Bebé fôsse uma boneca minha, e eu fazia como uma crença, despia-a, e o papel acabava aqui mesmo, e isto parece impossivel de ser escripto por um ente humano, mas é escripto por mim
Fernando Pessoa in Terrivel Bebé (1929)
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia!


Mas a Eslovénia mesmo assim existia, e estava lá fora, lá dentro, nas montanhas a sua volta e na praça diante dos seus olhos: a Eslovénia era seu país.
Paulo Coelho in Veronika Decide Morrer (1998)
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia! | Em romeno
