Início | Últimas citações | Lista de autores | Temas | Citações aleatórias | Vote! | Últimos comentários | Adicione uma citação

Soneto I

Tornai, tornai, Senhor, ao Tejo undoso,
Vinde honrar-lhe outra vez a clara enchente,
E deixai que ajoelhe entre a mais gente
Hum protegido humilde, e respeitoso.

Não leva a vossos pés rogo teimoso
De importuno cansado pertendente;
Vem beijar-vos a mão humildemente,
A mão augusta que o fará ditoso.

Pois foi por Vós benignamente ouvido,
Não vai fazer em pertenções estudo,
Vai só mostrar-vos que he agradecido.

Ante Vós ajoelha humilde, e mudo:
Mostrai-lhe que inda he Vosso protegido;
Que se isto lhe ficou, ficou-lhe tudo.

poema de Nicolau Tolentino de Almeida in OBRAS POSTHUMAS DE NICOLÁO TOLENTINO DE ALMEIDA, Lisboa 1828Reportar um problemaCitações relacionadas
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia!

Share

Citações relacionadas

Cornelia Păun Heinzel

Tempo

Cada momento tem seu próprio significado,
Para mim, para vós, para ele.
Em cada instante há uma acção principal,
para mim, para vós, para ele.
Cada momento é decisivo,
Para mim, para vós, para ele.
Cada momento pode mudar a vossa vida, a minha, a sua,
Hoje, amanhã, depois de amanhã, para sempre.
Por um único instante, vós podeis ser um grande rei,
Sobre mim, sobre vós, sobre todos.
Num único momento vós podeis perder,
Tudo, um pouco, ou nada...

poema de Cornelia Păun Heinzel, tradução de Susana CustódioReportar um problemaCitações relacionadas
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia! | Em inglês | Em espanhol | Em italiano | Em romeno

Share
Fernando Pessoa

Digo-vos: praticai o bem. Porquê? O que ganhais com isso? Nada, não ganhais nada. Nem dinheiro, nem amor, nem respeito, nem talvez paz de espírito. Talvez não ganheis nada disso. Então por que vos digo: Praticai o bem? Porque não ganhais nada com isso. Vale a pena praticá-lo por isto mesmo.

citação de Fernando PessoaReportar um problemaCitações relacionadas
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia!

Share
Fernando Pessoa

Foi da revolta que lhe estou figurando por estas considerações que nasceu o meu anarquismo de então — o anarquismo que, já lhe disse, mantenho hoje sem alteração nenhuma.

Fernando Pessoa in O Banqueiro Anarquista (1922)Reportar um problemaCitações relacionadas
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia!

Share
Fernando Pessoa

E é bonbon, e é vespa, e é mel, que é das abelhas e não das vespas, e tudo está certo, e o Bebé deve escrever-me sempre, mesmo que não escreva, que é sempre, e eu estou triste, e sou maluco, e ninguem gosta de mim, e tambem porque é que a havia de gostar, e isso mesmo, e torna tudo ao principio, e parece-me que ainda lhe telephono hoje, e gostava de lhe dar um beijo na bocca, com exactidão e gulodice e comer-lhe a bocca e comer os beijinhos que tivesse lá escondidos e encostar-me ao seu hombro e escorregar para a ternura dos pombinhos, e pedir-lhe desculpa, e a desculpa ser a fingir, e tornar muitas vezes, e ponto final até recomeçar, e porque é que a Ophelinha de um meliante de um cevado e eu gostava que a Bebé fôsse uma boneca minha, e eu fazia como uma crença, despia-a, e o papel acabava aqui mesmo, e isto parece impossivel de ser escripto por um ente humano, mas é escripto por mim

Fernando Pessoa in Terrivel Bebé (1929)Reportar um problemaCitações relacionadas
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia!

Share
Luigi Pirandello

Sempre animal

Sem fazer nada, um leão é um leão:
e um pobre homem deve enfrentar a morte
para ter a honra de ser comparado
com aquele animal que, sem esforço, é forte.

De grandes pensamentos a alma infeliz
nutre-se, até que se eleva a excelsos lugares.
Um grande prêmio lhe aguarda. Então se diz
que verdadeiramente você é uma águia.

Desate uma suabilíssima harmonia,
a sua dor intensa e ardente,
faça disso uma sublime poesia.
e lhe dirão que você é um rouxinol.

Mas, finalmente, para não ser um animal
o que deve fazer o homem? não fazer nada?
Não ter nem angústia nem irritação?
Se assim o fizer, de burro lhe chamarão.

poema de Luigi Pirandello in Rivista d’Italia (outubro 1901), tradução de Valmir Luis Saldanha da SilvaReportar um problemaCitações relacionadas
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia! | Em inglês | Em italiano | Em romeno

Share
Alexandre Pushkin

Nunca encontrareis a poesia se não a tiverdes dentro de vós.

citação de Alexandre PushkinReportar um problemaCitações relacionadas
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia!

Share
Abraham Lincoln

Podeis enganar toda a gente durante um certo tempo; podeis mesmo enganar algumas pessoas todo o tempo; mas não vos será possível enganar sempre toda a gente.

citação de Abraham LincolnReportar um problemaCitações relacionadas
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia!

Share

Saudades não as Quero

Bateram fui abrir era a saudade
vinha para falar-me a teu respeito
entrou com um sorriso de maldade
depois sentou-se à beira do meu leito
e quis que eu lhe contasse só a metade
das dores que trago dentro do meu peito

Não mandes mais esta saudade
ouve os meus ais por caridade
ou eu então deixo esfriar esta paixão
amor podes mandar se for sincero
saudades isso não pois não as quero

Bateram novamente era o ciúme
e eu mal me apercebi de que batera
trazia o mesmo ódio do costume
e todas as intrigas que lhe deram
e vinha sem um pranto ou um queixume
saber o que as saudades me fizeram

Não mandes mais esta saudade,
ouve os meus ais por caridade,
ou eu então deixo esfriar esta paixão,
amor podes mandar se for sincero,
saudades isso não pois não as quero.

poema de Afonso Lopes VieiraReportar um problemaCitações relacionadas
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia!

Share

A Missão do Poeta

Porque o sonho é a base da poesia
e sem ele não há inspiração
o poeta tem por primazia
transmitir do seu sonho a emoção

E dos sonhos que a sua mão desenha
em cada verso fluirá o amor
e cada dor encontra a esperança prenha
das carícias da alma do autor

Não é um Deus menor que lhe acalenta
a tristeza que às vezes o domina
e que o seu coração não afugenta

Por que o induz a mágoa a entender
as agruras da vida e dos irmãos
e as mãos a todos ele quer estender

poema de Eugénio de Sá (2008)Reportar um problemaCitações relacionadas
Adicionado por Cornelia Păun Heinzel
Comente! | Vote! | Cópia!

Share
Fernando Pessoa

O Menino de Sua Mãe

No plano abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado
— Duas, de lado a lado —,
Jaz morto e arrefece.

Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.

Tão jovem! que jovem era!
(Agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino da sua mãe».

Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lha a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.

De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço... Deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.

Lá longe, em casa, há a prece:
«Que volte cedo, e bem!»
(Malhas que o império tece!)
Jaz morto, e apodrece,
O menino da sua mãe.

poema de Fernando PessoaReportar um problemaCitações relacionadas
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia!

Share
Bertolt Brecht

Peachum (para o público): Preciso inventar algo novo. Está ficando cada vez mais difícil, pois meu negócio é despertar a piedade dos homens. Existem umas poucas coisas capazes de comover o coracao humano, poucas apenas, mas o pior é que, quando sao usadas com frequencia, elas deixam de fazer efeito. É que o homen tem a terrível capacidade de se tornar insensível a seu bel-prazer. Por exemplo, se um homem ve um pobre aleijado parado na esquina, na primeira vez, assustado, dá-lhe logo dez vinténs, mas na segunda vez solta apenas cinco, e se o vir uma terceira vez, o mandará friamente para a cadeia. A mesma coisa acontece com os meios espirituais.

diálogo in A Ópera dos Tres Vinténs, Primeiro Ato, Cena 1, roteiro de Bertolt Brecht (1928), tradução de Wolfgang Bader e Marcos Roma SantaReportar um problemaCitações relacionadas
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia! | Em inglês | Em espanhol | Em italiano | Em romeno

Share
E.E. Cummings

Gosto do seu corpo

Eu gosto do seu corpo
Eu gosto do que ele faz
Eu gosto de como ele faz
Eu gosto de sentir as formas do seu corpo
Dos seus ossos
E de sentir o tremor firme e doce
De quando lhe beijo
E volto a beijar
E volto a beijar
E volto a beijar

poema de E.E. CummingsReportar um problemaCitações relacionadas
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia!

Share
William Shakespeare

Shylock: Acompanhai-me ao notário e assinai-me o documento da dívida, no qual, por brincadeira, declarado será que se no dia tal ou tal, em lugar também sabido. A quantia ou quantias não pagardes, concordais em ceder, por eqüidade, uma libra de vossa bela carne, que do corpo vos há de ser cortada onde bem me aprouver.

diálogo in O Mercador de Veneza, Acto primeiro, Cena 3, roteiro de William Shakespeare (1596), tradução de Carlos A. NúñezReportar um problemaCitações relacionadas
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia! | Em inglês | Em espanhol | Em romeno

Share
Esopo

Pensando em conseguir de uma só vez todos os ovos de ouro que a galinha poderia lhe dar, ele a matou e a abriu apenas para descobrir que não havia nada dentro dela.

citação de EsopoReportar um problemaCitações relacionadas
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia!

Share
Fernando Pessoa

O amor passou. Mas conservo-lhe uma affeição inalteravel, e não esquecerei nunca - nunca, creia - nem a sua figurinha engraçada e os seus modos de pequeneina, nem a sua ternura, a sua dedicação, a sua indole amoravel. Pode ser que me engane, e que estas qualidades, que lhe attribúo, fossem uma illusão minha; mas nem creio que fossem, nem, a terem sido, seria desprimor para mim que lh'as attribuisse.

citação de Fernando Pessoa (1920)Reportar um problemaCitações relacionadas
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia!

Share

Para viver um grande amor

Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... — não tem nenhum valor.

Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.

Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.

Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.

É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista — muito mais, muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...

Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs — comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?

Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia — para viver um grande amor.

É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que — que não quer nada com o amor.

Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva oscura e desvairada não se souber achar a bem-amada — para viver um grande amor.

poema de Vinícius de Moraes (1962)Reportar um problemaCitações relacionadas
Adicionado por anônimo
Comente! | Vote! | Cópia!

Share
José Saramago

Em um elefante há dois elefantes, um que aprende o que se lhe ensina e outro que persistirá em ignorar tudo.

José Saramago in A Viagem do Elefante (2008)Reportar um problemaCitações relacionadas
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia! | Em inglês | Em espanhol | Em romeno

Share
Arthur Schopenhauer

A religião pode ser comparada a alguém que pega um cego pela mão e o guia, pois este é incapaz de enxergar por si próprio, tendo como preocupação chegar ao seu destino, não olhar tudo pelo caminho.

citação de Arthur SchopenhauerReportar um problemaCitações relacionadas
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia!

Share
William Butler Yeats

Leda e o Cisne

Súbito golpe: as grandes asas a bater
Sobre a virgem que oscila, a coxa acariciada
Por negros pés, a nuca, um bico a vem reter;
O peito inane sobre o peito, ei-la apresada.

Dedos incertos de terror, como empurrar
Das coxas bambas o emplumado resplendor?
Pode o corpo, sob esse impulso de brancor,
O coração estranho não sentir pulsar?

Um tremor nos quadris engendra incontinenti
A muralha destruída, o teto, a torre a arder
E Agamêmnon, o morto.
Capturada assim,
E pelo bruto sangue do ar sujeita, enfim
Ela assumiu-lhe a ciência junto com o poder,
Antes que a abandonasse o bico indiferente?

poema de William Butler Yeats, tradução de Péricles Eugênio da Silva RamosReportar um problemaCitações relacionadas
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia! | Em inglês | Em espanhol | Em italiano | Em romeno

Share
William Shakespeare

O Rei: A cabeça não é mais sympathica ao coração, a mão não é mais prompta em servir a bôca do que o throno de Dinamarca é dedicado a teu pae. Que desejas pois, Laerte?

diálogo in Hamlet, Acto primeiro, Cena 2, roteiro de William Shakespeare (1599), tradução de D. Luís I, Rei de PortugalReportar um problemaCitações relacionadas
Adicionado por Dan Costinaş
Comente! | Vote! | Cópia! | Em inglês | Em espanhol | Em romeno

Share
 

Vote agora

Google+

Se você considera este interessante, pode compartilhar com os outros e dizer ao Google